O contrato entre BWA e Atlético ainda passará
por avaliação do governo para vigorar. Se for aprovada, a parceria entre o clube
e a empresa pode render receitas significativas para os cofres
atleticanos.
O Galo terá direito a 45% da arrecadação do Independência,
mesma fatia que caberá à BWA. O América, proprietário do estádio, e o Governo de
Minas Gerais, que investiu na construção da nova arena, ficam com 5%, cada um,
da renda bruta. Além disso, o Atlético, inicialmente, investirá cerca de R$ 8
milhões de reais no local.
O
Superesportes fez um
levantamento com clubes detentores de estádios/arenas para contabilizar os
prejuízos e benefícios que podem surgir no caminho do
Alvinegro.
Morumbi - Dos grandes times do Brasil, o mais exaltado no
quesito administração é o São Paulo. O clube, que é dono do Morumbi, situação
diferente do Atlético, que terá apenas relação comercial com o estádio do Horto,
utiliza bem o espaço na capital paulista e detém lucro expressivo.
O
diretor de futebol do Tricolor, Adalberto Baptista, explica a arrecadação do
clube com o estádio. “O Morumbi, hoje, tem uma receita de 45 a 50 milhões de
reais por ano, projetado para 2012. A despesa fica entre 18 e 20 milhões de
reais. Portanto, teremos um superávit de 25 milhões de reais. As principais
receitas são as locações de camarotes, shows, eventos e bilheteria de jogos,
nessa ordem. Bares e estacionamento arrecadam pouco. As despesas ficam por conta
de manutenção predial, que inclui gramado, água, luz, cadeiras etc”,
disse.
Como o aluguel para shows e eventos é uma das principais fontes de
receita, o Atlético precisa ter um ‘plano B’ para esse tipo de ação quando tiver
jogos em Belo Horizonte, principalmente se estiver envolvido em partidas
decisivas. O dirigente são-paulino cita o tempo médio que o clube fica sem o
espaço nos casos de locação.
“Quando realizamos shows no Morumbi, os
eventos exigem quatro dias de montagem e três de desmontagem. Para um show
único, você fica oito dias sem estádio, contando a recuperação do gramado.
Normalmente, quando isso ocorre, nós mandamos os jogos na Arena Barueri, porque
temos um bom acordo lá”.
No decorrer de 2012, enquanto o Mineirão
continuar em reforma, o Independência e a Arena do Jacaré serão os palcos do
futebol mineiro. Caso o espaço no Horto esteja alugado, o Alvinegro,
provavelmente, terá que mandar seus jogos em Sete Lagoas.
A
possibilidade de ‘vender’ o nome do estádio para aumentar a receita não é
prioridade do São Paulo. “É difícil de fazer um ‘Naming Rights’ para um estádio
de futebol que já existe há muito tempo. Porque a Globo (detentora dos direitos
de transmissão) não utiliza os nomes comerciais. O nome do estádio é o que o
povo fala. Para estádios já existentes é mais difícil. O Atlético-PR fechou um
contrato, mas quase ninguém nunca chamou de Kyocera Arena. Como a Globo tem o
monopólio, ela usa o nome que quer. Os times de vôlei como Unilever e ex-Finasa
(atual Sollys) tiveram dificuldade com isso. São chamados de Rio de Janeiro e
Osasco. As empresas têm receio para investir nesses nomes”, finalizou.
Arena da Baixada - O Estádio do Atlético-PR é outro exemplo que se
encaixa no perfil do Morumbi. Dono do terreno, o Furacão também administra o
espaço para aumentar sua fonte de renda. O diretor de planejamento do clube,
Nelson Fanaya, conta como é o funcionamento da Arena.
“O custo-benefício
da Arena é muito positivo. Uma arena multiuso, além de todas as questões de
manutenção, envolve todo o restante de custos e benefícios. Tem praças de
alimentação, lojas, shopping centers. Não é um gerenciamento voltado para um
simples estádio de futebol”, disse.
A ‘venda’ do nome da Arena rendeu
para o time paranaense boa quantia em 2005. “O Atlético foi o único ‘case’ de
‘Naming Right’ no Brasil. Nos anos de 2005 e 2008. Esse valor foi de 10 milhões
de dólares. Usamos o nome Kyocera Arena nesse período”, afirmou Fanaya, que
revelou a estratégia para comercializar o sobrenome.
“O local é um
estádio de futebol desde 1917. O nome do Estádio é Joaquim Américo. Mas quando
inauguramos, em 1999, utilizamos o apelido ‘Arena’. Foi o primeiro estádio do
Brasil a adotar esse nome. Fizemos isso para comportar esse outro sobrenome. Não
usamos Furacão e outras coisas para não ter dificuldade em ‘vender’ o sobrenome.
Essa foi a estratégia”, revelou.
Como vai lançar o programa
sócio-torcedor no Brasileiro’2012, o Galo pode abordar outra situação vivenciada
pela equipe do Paraná. O diretor paranaense acredita que a Arena incentivou a
adesão de sócios no Rubro-Negro.
”O Atlético-PR hoje detém 18.500
sócios. É um clube exclusivamente de futebol. Não tem piscinas e salões e clubes
sociais como Atlético e Cruzeiro. Cada sócio paga por mês 70 reais”, finalizou o
diretor. Se esses torcedores estiverem adimplentes, os sócios rendem R$
1.290.000 para o Atlético-PR.
Engenhão - Pertencente ao governo do Rio, o Engenhão está nas
mãos do Botafogo desde 2007, por um prazo de 20 anos. Se nos primeiros anos, o
estádio deu prejuízo, em 2010 e 2011 o clube carioca começou a colher os frutos
de ter uma casa, com lucro aproximado de R$ 4 milhões e R$ 7 milhões,
respectivamente. A despesa atual é cerca de R$ 400 mil por mês.
Nos
primeiros anos sob a gestão do Botafogo, o futebol era o carro-chefe. Depois, o
clube abriu horizontes e os mega-eventos impulsionaram a receita. Outra fonte de
renda é a locação do espaço para o mercado publicitário. O Botafogo conta com
parceiros comerciais que vendem o produto Engenhão. Assim como o São Paulo, o
time carioca abre mão do estádio por aproximadamente oito dias para realização
de grandes shows.
Casa do time da Estrela Solitária, o Engenhão recebe
também partidas de Flamengo e Fluminense. Os rivais cariocas não pagam aluguel.
Um acordo comercial garante ao Botafogo uma parcela do faturamento em dia de
jogos.
Morumbi: Cícero Pompeu de Toledo (maior estádio
particular do país)
Inauguração:
1960
Capacidade: 70 mil espectadores
Sócio-torcedor: 45 mil associados
Estacionamento: 620 vagas
Arena
da Baixada: Estádio Joaquim Américo Guimarães* em reforma para a
Copa’2014
Inauguração da arena:
1999
Capacidade: 42 mil espectadores (após a
reforma)
Sócio-torcedor: 18.500
associados
Estacionamento: 3.000 vagas
(após a reforma)
Engenhão: Estádio Olímpico Municipal
João Havelange (Stadium Rio)
Inauguração:
2007
Capacidade: 46.831
espectadores
Sócio-torcedor: não
informado
Estacionamento: 1.660
vagas
Independência: Estádio Raimundo
Sampaio
Inauguração: prevista para o fim de
março
Capacidade: 25 mil
espectadores
Sócio-torcedor do Galo: em
estudo
Estacionamento: 422 vagas
Fonte: Superesportes
Créditos:
Luiz Martini - Superesportes -
Rodrigo Fonseca - Superesportes