domingo, 12 de agosto de 2012

ESSA SELEÇÃO MERECE O OURO: VÔLEI FEMININO DESBANCA AS FAVORITAS ESTADOS UNIDOS

A VITÓRIA SOBRE OS ESTADOS UNIDOS MOSTROU O PODER DE REAÇÃO DA EQUIPE BRASILEIRA DE VÔLEI FEMININO. O OURO FOI MUITO FESTEJADO.


REUTERS/Marcelo Del Pozo
A vibração brasileira, pela conquista do ouro olímpico, quebrou todos os padrões das Olimpíadas. A tradição inglesa foi esquecida.  Jogadoras, comissão técnica e torcedores fizeram a festa à moda brasileira
     A Seleção Brasileira Feminina de Vôlei completou sua campanha heróica nos Jogos Olímpicos de Londres'2012 conquistando a medalha de ouro neste sábado. Depois de correr o risco de ser eliminado na primeira fase do torneio, o time embalou na competição, superou seus maiores fantasmas dos últimos anos e garantiu o bicampeonato olímpico ao derrotar os Estados Unidos por 3 sets a 1, com parciais de 11/25, 25/17, 25/20 e 25/17. O bronze foi para o Japão, que derrotou a Coreia do Sul.
 
     O curioso de tudo foi que a Seleção dos Estados Unidos foi a responsável pela continuidade do vôlei feminino brasileiro nas Olimpíadas, porque venceu a Grécia e com isso ajudou a Seleção Brasileira, que acabou ganhando o título em cima das americanas.

      O resultado deste sábado repete o da final das Olimpíadas de Pequim-2008, em que o Brasil conquistou seu primeiro ouro no vôlei feminino derrotando justamente as norte-americanas na decisão, também por 3 sets a 1.

     Desde então, no entanto, os Estados Unidos foram os principais algozes da Seleção em competições internacionais. Nas últimas três edições do Grand Prix, as norte-americanas ficaram com o ouro, deixando a prata com o Brasil, dono de oito títulos da competição.

     Na campanha do ouro em Londres-2012, o time comandado por José Roberto Guimarães superou ainda outro fantasma: a Rússia. Derrotada pela equipe europeia no tie-break nas últimas duas decisões do Campeonato Mundial, a Seleção salvou seis match points nas quartas de final e venceu as russas por 3 sets a 2.

     Mas a trajetória brasileira nas Olimpíadas teve mais momentos dramáticos. O Brasil foi derrotado pelos Estados Unidos e pela Coreia do Sul na fase de grupos e chegou à última rodada correndo o risco de ser eliminado, mas conseguiu a vaga nas quartas de final graças a uma combinação de resultados.
REUTERS/Olivia Harris      A partir daí, a Seleção embalou. Conseguiu a vitória sobre a Rússia no tie-break e não encontrou problemas para passar pelo Japão na semifinal. Na decisão deste sábado, o primeiro set mostrou um Brasil apático e com muitos erros, mas os demais tiveram um time vibrante e eficiente, que derrotou as líderes do ranking mundial para conquistar o bicampeonato olímpico.

     O ouro deste sábado é ainda mais especial para o técnico José Roberto Guimarães, que se tornou o primeiro brasileiro tricampeão olímpico no vôlei. Ele subiu ao lugar mais alto do pódio comandando o time masculino em Barcelona-1992 e o feminino em Pequim-2008.

     A seleção norte-americana começou arrasadora a final olímpica, abrindo 5 a 1 no placar e obrigando o técnico José Roberto Guimarães a gastar seu primeiro tempo técnico. O Brasil encontrava dificuldades para derrubar a bola na quadra adversária e, ansioso, acumulou erros em sequência no ataque e na defesa para deixar os Estados Unidos fecharem o primeiro set com um placar impressionante para os padrões do vôlei mundial: 25/11 em 22 minutos de disputa.

     No segundo set, a Seleção renasceu. Atuando de forma mais vibrante, conseguiu equilibrar o jogo com um bom saque e melhorou o rendimento no ataque para chegar em vantagem à primeira parada técnica obrigatória. A situação animou os torcedores brasileiros que passaram a gritar “Brasil, Brasil!” e “o campeão voltou”.

     Os Estados Unidos chegaram a buscar a igualdade no marcador, mas a Seleção conseguiu frear a reação de suas adversárias, voltou a dominar o jogo e venceu a segunda parcial.
REUTERS/Ivan Alvarado
A festa brasileira foi completada com a subida das meninas de ouro no pódio. Foi mais uma demonstração de patriotismo e alegria pela conquista do ouro 

     A atuação no set anterior fez as brasileiras embalarem no jogo. Foi a vez das norte-americanas sentirem a pressão da final olímpica e o Brasil abriu 6 a 2 no placar da terceira parcial, com destaque para Jaqueline no ataque e Fabiana no bloqueio. O técnico dos Estados Unidos fez alterações em seu time e mudou a tática de saque, mas nada adiantou.

     O Brasil continuou muito bem em quadra e conseguiu virar a partida, aumentando a pressão sobre suas adversárias, que chegaram à final com apenas dois sets perdidos em toda a competição.

     Depois de um início de quarto set muito equilibrado, a Seleção disparou no placar e já tinha seis pontos de vantagem na segunda parada técnica obrigatória. Os gritos de “o campeão voltou” passaram a ecoar novamente no ginásio de Earls Court à medida que o bicampeonato olímpico se aproximava.

     Faltando poucos pontos para o fim da partida, as jogadoras reservas já comemoravam, mas o título veio minutos depois em um contragolpe de Fernanda Garay que bateu no bloqueio norte-americano e foi para fora.
 
OPINIÃO:
 
     Se no futebol eu fiz um comentário totalmente favorável à perda do ouro olímpico, principalmente pela arrogância do nosso elenco e de quererem continuar com a falsa idéia que ainda somos os melhores e maiores do mundo, no vôlei feminino tivemos a demonstração de que muitos brasileiros que vão nas Olimpíadas vestem a camisa do Brasil literalmente. Estão lá para competir e defender o nome do nosso país. O futebol estava preocupado com o polpudo prêmio pela conquista: R$180 mil.
     Os Neymares da vida voltam com a medalha de prata e pouco importa para eles, porque já são famosos aqui no Brasil. "São os melhores do mundo". Ganham fortunas em seus clubes e por tudo isso pouco se lixam com o resultado desastroso, mais uma vez, do nosso "eterno melhor do mundo", o flamigerado futebol brasileiro. E serão estes mercenários é que nos vão representar na Copa da Federações e na Copa do Mundo. Temos muito a sofrer ainda.
     Não tenho vergonha de falar que chorei após a conquista do vôlei feminino, principalmente porque em quadra tinha verdadeiras guerreiras e que fatalmente não estavam preocupadas com um prêmio pela conquista, mas principalmente por estarem representando uma nação sofrida pela corrupção e onde o povo brasileiro tem poucos motivos de alegria atualmente.
      Parabéns a cada uma das meninas de ouro. Vocês provaram que são as melhores do mundo, mas dentro de quadra e não somente em linhas e falas da imprensa.
      Me deu vontade de gritar Brasil e esta vontade foi satisfeita. Gritei. Chorei. Vibrei. A quem merece o prêmio justo: ouro olímpico.
 
Paula Neto - Editor

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